O que diferencia um fundador comum de um que vai ter uma trajetória de ascensão e sucesso? O que faz os olhos dos investidores brilharem ao conhecer um empreendedor? No palco do South Summit Brazil 2025, realizado nesta semana em Porto Alegre (RS), essas perguntas nortearam uma conversa entre Carol Strobel (Antler), Gabriel Alves (Headline) e Fernando da Silva (Crescera Capital).
Os três investidores, que analisam centenas de pitches por ano, compartilharam o que realmente buscam em empreendedores — principalmente nos estágios iniciais — e o que consideram sinais de alerta de que o negócio não vai se sustentar. Abaixo, reunimos os principais aprendizados do painel para quem busca conquistar a atenção (e os cheques) dos fundos.
1. Execução acima de tudo
Todos os investidores concordam: boas ideias existem aos montes. O que diferencia um negócio de sucesso é a capacidade de execução do fundador e do time. Alves foi claro: “Existem várias startups com ideias semelhantes, o que diferencia uma da outra é a execução. Ideia boa até bobo tem, a fortaleza do negócio não pode ser essa”.
Silva complementou: “Visão sem execução é alucinação. Execução sem visão é afobação”. Um bom founder sabe equilibrar sonho e pragmatismo, entende o que precisa ser feito hoje para chegar ao futuro que imagina — e adapta a rota sempre que necessário.
2. Obsessão saudável pelo problema
Um fundador de sucesso é movido por uma “obsessão positiva” pelo problema que quer resolver — mas precisa saber diferenciar isso de teimosia cega e obsessão pelo produto, algo bem diferente. Para Strobel, respostas do tipo “vai ser fácil” são sinais de alerta. “Já sei que não vai dar certo porque a pessoa não entende a profundidade do problema que quer resolver e não entende que, por mais que você tente controlar tudo, não controlamos nada”, apontou.
3. Conhecer os investidores
Ser confiante é importante — arrogante, não. Alves alertou sobre a importância da postura durante os pitches: conhecer o fundo, com quem está falando e o histórico de investimentos são atitudes que eles consideram básicas, mas que destacam que nem sempre acontecem. “É frustrante quando o investidor se prepara, lê o pitch deck, chega à reunião versado sobre o mercado, e a pessoa fundadora não sabe nada sobre a gestora”, afirmou.
4. Experiência conta, mas não é tudo
Ter experiência prévia é um diferencial — mas não uma exigência. “Quem já passou por outros ciclos conhece o campo minado”, disse Silva. Porém, todos precisam começar em algum momento, portanto, mesmo que seja a sua primeira viagem, mostre os diferenciais do seu negócio e a sua capacidade de aprendizado e adaptabilidade.
5. Honestidade intelectual é inegociável
Nada de inflar números, mentir sobre clientes ou esconder dificuldades. Alves recordou casos em que fundadores disseram que suas soluções eram utilizadas por empresas que tinham um relacionamento próximo com a gestora e ficou fácil descobrir a mentira. “Não subestime a inteligência do outro lado da mesa”, afirmou.
O mesmo vale para omitir concorrência. Dizer que “não tem competidor” é, segundo os investidores, um sinal claro de despreparo. Em vez disso, mostre como você fará melhor do que quem já está no mercado.
6. Seja fora do padrão — mas entregue resultado
No fim das contas, investidores buscam pessoas com brilho nos olhos, alta capacidade de execução, inteligência emocional e vontade de resolver grandes problemas. Como resumiu Strobel: “Precisamos de pessoas fora do padrão, com resultados surpreendentes”.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios